Minha lista de blogs

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Pecado Ilusório


Pecado Ilusório

Dimitri Kozma

O badalo da velha igreja da cidade de Passo Feliz toca anunciando o horário sagrado da missa de Domingo, como que cumprindo uma tradição, quase que uma rotina, a população em massa parte em direção à velha e corroída igrejinha da cidade, uma velha gorda esbarra no pequeno Waltinho, um garoto de dez anos, que estava sendo levado pela mão por sua avó paterna, ele ignora o esbarrão.
- Vovó. Depois posso ir brincar na rua? - diz Waltinho, com sua doce agitação infantil.
- Isso depois a gente vê, Waltinho, agora fica quieto que a gente vai rezar. - dispara sua avó, como se querendo logo encerrar a conversa.
A avó de Waltinho, dona Olívia, uma senhora nos altos de seus setenta anos, pele carcomida, em parte pela idade, em parte pelo sol, anos trabalhando na lavoura da cidade renderam-lhe apenas rugas e calos nas mãos, batalhou pelo sustendo do único filho, Walter, que se formou e fora morar na cidade grande, lá conhecera Mariluce, uma mulher dez anos mais velha que ele, e nascera Waltinho. Mariluce nunca teve vergonha na cara." Pensava dona Olívia, e este conceito se afirmou ainda mais quando Mariluce fugiu com um mecânico e largou Waltinho com o pai, desempregado e sem esperanças.
Walter não teve escolha, fez as malas do pequeno Waltinho e o colocou em um ônibus para Passo Feliz, mandando-o morar definitivamente com a avó, até que Walter arrumasse um outro emprego. Isso já foi a mais ou menos um ano, e até agora nada, pensa dona Olívia que talvez seu filho tenha esquecido de Waltinho, e se arranjado com uma outra vagabunda por lá, mas deixa estar, pois agora cria o garoto como a um filho.
As pessoas tomam acento na pequena igreja, os bancos descorados pelo tempo, as paredes descascando e as imagens quebradas devido a má manutenção empregada.
Waltinho pode ouvir tosses secas, ecoando em cada ponto da igreja, barulhos de sapatos gastos pelo tempo, o silêncio é quase absoluto, vozes são ouvidas como sussurros, todos parecem que estão mergulhados numa espécie de torpor místico que aquelas paredes pareciam induzir. Uma atmosfera mista de medo e admiração pairava no rosto de cada um de seus fiéis, calmamente sentados. Dona Olívia empurra o garoto até um banco com duas vagas, ao lado de um velho com o nariz escorrendo, dona Olívia o cumprimenta:
- Como vai Seu Arnaldo?
- Vai-se indo, Dona Olívia, e a senhora, como anda? - diz o velho, enquanto esfrega furiosamente o lenço amarelado no nariz.
- Estou bem, fora um pouco de dor nas costas, de resto vou bem, e sua filha?
- Norminha está bem, vai se casar em julho, a senhora está convidada. - desvia o olhar para Waltinho.
- Nossa, como seu neto está grande, dona Olívia, quantos anos ele tem mesmo, sete? Oito?
- Fez dez anos mês passado, precisa ver como esse menino é inteligente, seu Arnaldo.
Waltinho observa apenas, até que seu Arnaldo bate a mão na cabeça do garoto, dizendo: - Nossa! Tudo isso? Realmente o tempo voa, não é dona Olívia, ainda ontem ele era um bebezinho, agora está quase um rapaz. Waltinho pode sentir a mão molhada do velho em seu cabelo, um asco incontrolável tomou conta de seu ser, mas manteve-se impassível.
Uma música de órgão se inicia e o garoto pode ver o padre adentrar-se na igreja pela porta lateral, é relativamente novo, quanto? Talvez uns quarenta, no máximo quarenta e cinco anos. Solenemente ele se dirige ao altar e começa um discurso infindável. Uma ordem surge para que todos fiquem de pé, dona Olívia empurra levemente as costas do neto para que ele também se levante, ele obedece piamente, mas seu pensamento viaja em devaneios, enquanto ouve o padre falar, na verdade não ouve nada, apenas percebe aquela fala ritmada e sem vida penetrar em seu ouvido, mas seus pensamentos estão em outro lugar, sentada no banco da frente, Waltinho observa uma linda moça, que deveria ter no máximo uns dezessete anos, observa as curvas pecaminosas escondidas por baixo daquele vestido cumprido, observa e em sua mente dá vazão ás mais torpes fantasias: Será que ela não gostaria de ceder aos caprichos de um jovem? Será que ele não conseguiria fazê-la ir as nuvens? Enquanto pensa, Waltinho tem uma ereção, e fica cada vez mais excitado a medida que fantasias mais picantes dominam seu íntimo. Então, num rompante, lembra-se do lugar em que está, lembra-se que está pensando em algo pecaminoso, sujo, tenta dissuadir sua mente, mas tal tarefa é em vão, pois já não tem mais domínio de seu subconsciente, sabe que já sentiu algo muito prazeirozo, e que não vai mais conseguir tirar de sua mente, mas ainda se esforça, tenta voltar a realidade, desvia o olhar para sua avó, ao seu lado, e ao velho com o nariz escorrendo, que está prostrado do outro lado, e começa a fantasiar uma situação no mínimo bizarra: Imagina sua avó, à muito viúva, de quatro no altar, e o velho por traz, numa cena realmente dantesca, e ela gemia, se contorcia, seu corpo velho, enrugado, suas pelancas balançando ao sabor do acaso, e o nariz do velho escorrendo, derramando sobre o corpo de sua avó.
Quando Waltinho se dá conta da barbaridade que está pensando, e do lugar em que se encontra, quase entra em pânico, ele não quer pensar nessas coisas, mas elas estão fluindo em sua cabeça, como? Nunca aconteceu isso antes. Nunca havia tido pensamentos tão sujos e imorais. E agora essa!
Todos se ajoelham e Waltinho se ajoelha mais rápido que os outros, tentando se penitenciar pelos seus pensamentos imorais, tenta rezar um Pai Nosso, mas seu pensamento é novamente enebriado por sujeira barata e diabólica, imagina o padre fazendo seu discurso nu no altar, enquanto as fiéis alisam seu corpo, e Waltinho observa tudo com uma excitação tremenda, e as fiéis, todas nuas, das mais moças às mais velhas caquéticas, todas nuas admirando aquele padre atlético e bem apessoado. Waltinho começa a suar fri:
- Onde já se viu pensar tanta besteira assim? - pensa ele, e completa o pensamento:
- E se Deus estiver vendo o que eu estou pensando? E se Deus viu tudo isso que eu imaginei? Ele vai contar para vovó, ela vai ficar sabendo do que eu pensei... Não!
Um desespero começa a tomar conta do pequeno garoto, seus olhinhos se arregalam como se fossem saltar das órbitas, olha para sua avó, ela está impassível, acompanhando a missa, mas Waltinho já começa a olhá-la de maneira diferente, começa a olhá-la como se ela soubesse de tudo que ele havia pensado, de toda a sujeira que sua mente havia produzido em tão pouco espaço de tempo. Ele se encolhe no banco, tentando se proteger. Olha novamente, meio de rabo de olho, para o esquelético Seu Arnaldo, ele continua lá, olhando para o chão, com a coriza do nariz quase tocando a boca, o velho então suga o corrimento como se fosse um nectar, e Waltinho pode até ouvir o ruído, novamente a imagem de Seu Arnaldo sodomizando sua avó no altar se faz presente em sua mente, mesmo não querendo essa imagem não sai de sua cabeça, Waltinho dá pequenos socos na testa, tentando fazer a imagem sumir, mas cada vez ela fica mais nítida, cada vez mais clara, ele fecha os olhos e lhe vem a cabeça novamente a garota do banco da frente, dessa vez, Waltinho a imagina sendo sodomizada por ele na porta da igreja, com toda a cidade assistindo horrorizada a cena.
Ele abre os olhos, lágrimas começam a rolar pelo seu rosto, lágrimas de desespero, ele não tem mais controle algum em seus pensamentos, parece até que uma força malígna tomou conta de seu cérebro e nada mais poderia ser feito. Uma angústia incomensurável passou por todo seu pequeno e frágil corpo, gelando sua coluna:
- Será que Deus sabe o que eu estou pensando? - é uma das angústias de Waltinho, no alto de sua inocência, imagina Deus, com sua enorme cabeleira e sua barba branca, observando-o de cima, imagina o olhar de reprovação de Deus, imagina Deus contando para sua avó, imagina a cidade inteira sabendo de tudo, imagina seu severo pai dando-lhe cintadas nas costas, acorrentando-o num porão escuro e gelado pelo resto de sua vida.
- Não!
Waltinho solta um grito e sai da igreja em disparada, sua avó não tem tempo de segurá-lo, todos se viram em direção ao garoto, antes mesmo de dona Olívia conseguir levantar-se para correr atras do neto, ouve um barulho de freios de carro, um estampido seco e um grito curto.
Quando finalmente chega a porta da igreja, vê a pior imagem de sua vida: Waltinho, deitado no meio-fio, metade de seu corpo embaixo do carro, suas tripas expostas o sangue quente espalhado por toda a rua. Em sua busca desesperada pela redenção, Waltinho atirara-se na frente de um veículo que passava em alta velocidade. Dona Olívia se desespera, corre em direção ao neto, que ainda tem um sopro de vida, o garoto, vomitando sangue, e tendo inúmeros espasmos ainda tem tempo de dizer:
- Perdão... Eu pequei...
Depois disso cala-se para sempre.

domingo, 7 de junho de 2009

Comunidade Dark Arts




Essa é a vencedora do 3° desafio da cominudade--Comunidade Dark atr-desafios

O vencedor foi pedro voces podem visualuzar seu perfil e outras obras pela Comunidade


Primeira imagem q eu posto em meu Blog para a comunidade de dark art no orkut participem Comunidade Dark atr-desafios

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A solidao de um homem



Morava num edifício decrépto, no centro da cidade, quase que um cortiço, subia os dez andares todos os dias como uma disposição indescritível para um homem de sua idade, fumava um maço de cigarro por dia, invariavelmente, possuía uma rotina de vida metódica, sem alterações nenhumas, praticamente ia de casa ao trabalho, do trabalho para casa. Se chamava Egberto, e morava com seu cãozinho um velho Pequinês, já sem os pêlos e quase cego. O apartamento de quarto, cozinha e banheiro fedia urina, e nas paredes podia-se observar uma mancha espessa de gordura amarelada. Morava apenas com seu companheiro, na solidão, não possuía amigo algum, achava que todos poderiam querem lhe passar a perna. Egberto era um velho amargurado, comia os dejetos que encontrava em sua geladeira, quase sempre já criando fungos. Seu apartamento era pouco iluminado, as pesadas cortinas escondiam aquele palácio de podridão em que sua vida estava imersa. Não tinha carro, ia todos os dias ao trabalho de ônibus, quase sempre apinhado de gente. Chegando ao trabalho, era tratado como um ser deprezível, nunca valorizaram sua profissão, era contínuo, trabalhava num escritório de revendas de produtos de limpeza, nada mais massante e repetitivo, carregava caixas e mais caixas o dia inteiro, chegando ao fim da tarde, suas glândulas sudoríparas já produziram substâncias suficientes para que ninguém aguente chegar perto dele. Pois bem, certo dia, Egberto voltava para seu lar, usava uma camiseta, deixando a mostra parte de seu corpo esquálido e peludo, apóia com uma das mãos no ônibus para não perder o equilíbrio quando avista, um pouco a frente, uma mulher que não tira o olho de sua direção, ele se surpreende, não é nenhuma maravilha, mas é ajeitada, e tem um belo quadril. Ele começa a encará-la descaradamente, ela, uma morena bronzeada, não muito nova, cabelos meio quebradiços, uma imensa boca carnuda, seios pequenos, quase inexistentes, começa a olhá-lo mais insistentemente, Egberto, que sempre pensou que as mulheres estariam querendo se aproveitar dele, resolve arriscar, a se aproxima com dificuldade, se movendo entre o povo aglomerado como sardinha em lata. Olha com um ar de tigrão e dispara o galanteio barato: - Você toma sempre este ônibus? - Ás vezes... Ela responde, com um certo ar de menosprezo. - Sabe, estava te olhando, e pensei se a gente poderia se conhecer melhor... - Desculpe, não estou interessada, estava te olhando pois o confundi com um amigo meu. - Amigo? Mas... Só amigo? Ela vira o rosto para o outro lado, o cabelo armado bate no rosto de Egberto, ele pode sentir um perfume meio vencido, ela diz: - Interessa? - Se estou perguntando é porque interessa. Meu nome é Egberto, mas pode me chamar de Beto, e o seu? - O meu não! Egberto não pode precisar se aquilo era uma piada para quebrar o gelo ou um fora brutal, e insiste, tentando crer que era uma galhofa ingênua: - Há! Há! Gostei! Adoro mulheres com senso de humor! Mas qual é seu nome? Ela se vira e fala alto, para todos do ônibus ouvirem: - Cara! Vê se se encherga! Eu não quero papo! Sai fora jacaré! Todos se viram e o rosto de Egberto fica Rubro de uma hora para outra. Ele sussurra no ouvido da mulher: - Isso não vai ficar assim, não vai, está ouvindo? Ela puxa a corda para o ônibus parar, e desce no ponto, imediatamente se vira para averiguar, lá estava ele, Egberto, havia descido também, e estava olhando em sua direção. Ela, sem dizer uma só palavra começa a andar em passos rápidos, tentando encontrar uma pessoa na rua, mas estava tudo deserto, estava anoitecendo, e nenhum carro passava naquela ruazinha. Ela acelera o passo, tenta correr, quando pensa talvez ter despistado Egberto, lá estava ele, atrás dela, com seus passos firmes e decidido. Ela entra na pequena portinha de seu prédio que na verdade era um cortiço, Egberto caminha atrás, entra também, ela entra em pânico, não há um vizinho, um porteiro, nada para ajudar, ela começa a subir a escada, mora no décimo primeiro andar, está tudo escuro, então ouve passos a seguindo, Egberto! Quando ele já está quase alcançando-a, ela se ajoelha no chão, no meio lance de escadas, para e fica lá, prostrada, aguardando seu algoz chegar. Egberto se surpreende ao ver essa cena em sua frente, e diz: - Hei! O que significa isso? - Venha, não posso mais suportar essa pressão, me possua, faça o que quiser de mim, mas me deixe em paz, vamos, estou aqui! A mulher fala, enquanto se despe veementemente e se atira ao colo de Egberto. Lá na escada mesmo acontece o esperado, frenéticamente e quase que animalmente se consuma o ato. Pouco depois, Egberto diz, enquanto coloca as calças: - Tenho que te dizer uma coisa: Eu moro aqui, não queria fazer nada com você, estava apenas indo para meu apartamento. Ela, com um sorriso maroto no rosto, ainda nua, diz: - Eu sei disso. Pensa que eu nunca o percebi aqui? Você nunca me viu, mas eu já te vi dezenas de vezes, esperava uma chance de me entregar a você, seu bobo! Ele, arregalando os olhos, se espanta: - Então você me enganou? Você me usou? Me fez de palhaço, como todas... - Como? Fora de si, Egberto com os olhos faiscando e uma brusca violência, vocifera: - Todas as mulheres... Todas querem se aproveitar de mim, querem me usar como a um objeto! Avança em direção a mulher, ainda sentada na escada, as mãos no pescoço, apertando cada vez mais. - Cof! P-pare! Cof! É a única coisa que ela ainda consegue dizer, enquanto Egberto, com um olhar transtornado, sufoca a incauta, com uma indescritível fisionomia de prazer. Sente o ar se esvaindo, sente que não oferece mais reação, que não pode mais gritar, acabou. Um fio de baba escorre pela boca, semi-cerrada da mulher, a língua está enrolada, não há mais vida. Lentamente, Egberto a arrasta para seu apartamento, seu cãozinho se alvoroça, balançando o rabo e arfando sem parar, ele abre a porta do banheiro, e com um ar de realização, contempla sua coleção: Na banheira três mulheres, com os corpos já em avançado estado de putrefação, esquartejados, as moscas varejeiras comendo o que sobrara da carne esverdeada, as paredes pintadas com sangue, e no espelho, escrito em vermelho tinto, já coagulado, as seguintes inscrições: Nunca mais enganado...

Musicas

Contador de usuarios

Seguidores